Valor Econômico
Na turbulência global não há, hoje, estratégia de investimento clara.
14 de abril de 2025 às 20:42:24
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Confira o artigo de Carlos Kawall na coluna Pipeline, do Valor Econômico. Ele apresenta uma análise direta e contundente sobre o cenário global atual e os impactos para o Brasil.
Kawall destaca que, desde a pandemia de Covid-19, não víamos um começo de ano tão imprevisível. Agora, o principal fator de incerteza vem das ações do ex-presidente Donald Trump. As novas tarifas anunciadas nos últimos dias, com alcance global e impacto direto sobre Europa e Ásia, provocaram um forte movimento de aversão ao risco nos mercados. O próprio dólar, que costuma funcionar como refúgio, perdeu força, e até o mercado de Treasuries americanos apresentou sinais de disfuncionalidade. Nesse cenário, não há uma estratégia de investimento clara, nem no exterior, nem no Brasil.
Ele também chama atenção para a diferença em relação a crises anteriores. Durante a pandemia, a resposta veio por meio de estímulos monetários e fiscais em larga escala. Hoje, com um contexto mais complexo e uma nova gestão nos Estados Unidos que enxerga as tarifas como ferramenta geopolítica, a previsibilidade é mínima. Isso trava decisões de empresários e consumidores, gera efeitos inflacionários e desinflacionários ao mesmo tempo e deixa o Federal Reserve sem clareza sobre os próximos passos.
No Brasil, essa incerteza se soma a um ambiente interno de políticas voltadas ao aumento da demanda, o que dificulta o trabalho do Banco Central e incentiva a saída de capital. O real e a bolsa oscilam conforme o humor do mercado internacional, e o fluxo cambial continua negativo.
Por fim, Kawall faz um alerta importante que vem sendo ignorado por parte do mercado. A ideia de que o Brasil pode se beneficiar da atual desorganização global desconsidera o risco real de uma desaceleração mundial puxada pela China, que enfrenta problemas estruturais profundos. Como principal parceiro comercial do Brasil, a situação da China exige atenção. Por isso, o país deveria estar priorizando o equilíbrio fiscal e se preparando para um corte de juros responsável, em vez de seguir em direção contrária.